sexta-feira, 28 de setembro de 2007

MATÉRIAS ENVOLVENDO O Sr. De Rose

a) Reportagem da Istoé sobre o De Rose publicada em 04.10.2004
Depois que esta reportagem saiu na Revista Istoé, os alunos já sugestionados invadiram a
redação da Revista e queriam de qualquer jeito falar com o Redator.
De Rose é o nome mais conhecido da ioga, mas está longe de ser unanimidade
Método: De Rose quer ser chamado de mestre. E insiste para que seus alunos leiam apenas
seus livros

Ele fala manso e tem sempre uma longa explicação na ponta da língua para tudo que lhe
perguntam. Também tem centenas de seguidores, muitos dissidentes e uma legião de críticos.
Luiz Sérgio Álvares De Rose, mais conhecido como Mestre De Rose, é dono da marca
Universidade de Yôga (ou Uni-Yôga). Trata-se de uma escola que se espalhou pelo Brasil
ensinando a prática denominada swásthya. Seu site aponta 64 unidades em 24 cidades, mais
três na Argentina e 12 em Portugal. De Rose, 60 anos, autor de 20 livros sobre ioga, é um
homem que sabe fazer negócios. Pessoas próximas ao instrutor estimam que ele fature cerca
de R$ 160 mil mensais apenas com a parte referente às mensalidades dos alunos brasileiros.
De acordo com essas fontes, as franquias – que De Rose chama de credenciadas – renderiam
também R$ 10 mil (pagos na abertura) e mais 10% do dinheiro obtido com cada curso extra que
a unidade oferecer. Aulas no Exterior, cobradas em dólar, engordariam sua conta bancária. Com
tudo isso, não é de se estranhar que o professor more mais em Paris do que em São Paulo. E
ele avisa que sua meta é ficar cada vez mais por lá. “Agora quero só escrever.”

Absolutamente seguro em seu discurso, De Rose conquista uma clientela jovem. Segundo ele,
o público para o qual a ioga é indicada. Para seus críticos, o perfil mais fácil de ser manipulado.
O instrutor garante, por exemplo, que a swásthya é a ioga verdadeira. “É o melhor que existe. O
mais autêntico, o mais forte e o mais lindo”, crava em um de seus livros. Detalhe: De Rose usa
ioga no masculino.

Frases como essa desagradam muitos instrutores, levando-os a se opor à metodologia da Uni-
Yôga. É o caso de diversos profissionais que já foram ligados à escola, como o próprio filho de
De Rose. Rompido há três anos com o pai, o professor André de Rose evita críticas diretas,
mas deixa claro que tem diferenças. “Não compartilho a forma como ele conduz as coisas. Por
isso me afastei”, conta.

Essa forma, segundo os críticos, é o que faz a escola estar mais próxima de uma seita do
que de uma universidade. Lá, todos devem chamar De Rose de mestre. O manual dos
instrutores prega que diariamente eles meditem fazendo uma oferenda de energia a De Rose.
E a poligamia é estimulada como solução para os problemas dos casais. “Hoje a monogamia
tem se mostrado uma instituição falida”, acredita.

Há também uma forte pressão para que os praticantes de swásthya não se misturem com os
praticantes de outras linhas de ioga. No livro Faça Yôga, De Rose descreve, em tom
apocalíptico, o que aconteceria com quem mescla os tipos ou egrégoras, como ele prefere
dizer. “Misturar egrégoras dilacera sua energia, como se você estivesse sofrendo o suplício do
esquartejamento. (...) Num nível mais agravado, surgem problemas na vida particular. (...) E
quando suas energias entram em colapso surgem as enfermidades físicas, das quais uma das
mais comuns é o câncer”, afirma no livro.

Diferentemente da maioria dos professores, De Rose não teve um mestre. Em suas palavras,
não encontrou alguém capaz de ensiná-lo. Não um de carne e osso. No livro Yôga, mitos e
verdades, De Rose assegura que, por meio da meditação, entrou em contato com o mestre
Bháva, um espírito que teria lhe revelado grande parte do que sabe. O curioso é que ele
abomina a porção mística da ioga. Questionado por ISTOÉ sobre essa experiência, o professor
se esquiva e comenta que esse não é o tipo de assunto para se falar em entrevistas. Mas no
livro Tudo sobre Yôga lê-se que a ioga autêntica não deve “sequer alimentar o misticismo”.
Não é uma opinião corrente entre seus colegas. “Na ioga, o misticismo é considerado possível,
assim como esse tipo de percepção obtida por De Rose. Mas por ele abominar o lado místico
da prática, fica difícil entendê-lo”, constata Anderson Allegro, diretor da Aliança do Yoga, uma
escola de São Paulo. Allegro trabalhou com ele durante dez anos e se desligou por desconfiar
da autenticidade da ioga praticada pelo “mestre”. “Ao aprofundar meus estudos, percebi que
muito do que ele pregava não tinha nada a ver com o que está registrado sobre ioga”,
completa.

Pode haver uma dose de ciúmes nos bastidores da ioga. Não se deve esquecer que muita
gente venera De Rose e que ele está faturando bem com sua marca. “Já formamos uns 20 mil
instrutores, mas falamos que foram cinco mil para sermos modestos”, gaba-se. O fato, porém,
é que o professor dá margem à polêmica. Além de desqualificar as demais linhas, De Rose
insiste que seus alunos não leiam outros livros. Antigos discípulos, que não querem ser
identificados, contam ainda que, se houver alguma dissonância, a única alternativa é a porta de
saída. Por isso, de acordo com ex-alunos e ex-funcionários, muitos se calam mesmo que
tenham uma queixa ou mesmo uma sugestão. Para De Rose, as críticas vêm de gente
ressentida. “Será que eu sou o todo-poderoso e todos têm medo de mim?”, ironiza.
Lia Bock



b) Em Junho de 2001, a Revista Superinteressante publicou uma matéria longa sobre YOGA,
e sequer se deu ao trabalho de citar a SEITA.


Segue o texto do jornalista logo abaixo.

pois é. a história vai ser longa, se eu tiver saco para contar nos mínimos detalhes como prometi
ontem. então. há mais ou menos um mês me matriculei numa escola de yoga. uni-yoga, uma
franquia que tem no país todo e que segue a linha do swásthya-yôga. comecei a freqüentar as
aulas, lia o livro indicado e tal. ao mesmo tempo em que me inscrevi na escola, entrei para uma
lista de discussão sobre swásthya-yôga no e-groups. na quinta à noite, fui para a prática de
yôga. após a aula, o instrutor passou os recados habituais e, entre eles, um me chamou a
atenção. foi-nos distribuído um panfleto. reproduzo aqui um trecho, entre aspas:
"Escreva para a Superinteressante

No número de junho, saiu uma matéria sobre Yoga, com muitas páginas e nenhuma referência
ao nosso trabalho que é o maior e o mais expressivo do país. O repórter confessou-se seguidor
de Sai Baba e do coronel, mas isso não é justificativa para discriminar outras correntes de
Yôga ou para mencionar apenas os endereços do coronel1 e do escorpião2."
pra quem não sabe, sou jornalista. achei estranha a atitude da uni-yoga em justificar as opções
feitas pelo repórter caco de paula com base numa suposta adesão do jornalista a uma linha de
yoga (na verdade, ainda não descobri o que significa "sai baba", ou "coronel" ou o “escorpião”).
pois bem.

o que segue aí é a parte insólita da história...

após ouvir os recados, pedi a palavra ao instrutor e perguntei se o repórter da revista era
mesmo seguidor de alguma linha de yoga. ele não soube responder. falou que segundo a uniyôga
ele era um seguidor de "sai baba". e eu falei que havia feito a pergunta por se tratar de
um colega de profissão e que consideraria incorreta a atitude da uni-yoga em difamar um
jornalista sem se certificar da veracidade da informação. tudo isso ocorreu em um clima de
diálogo. não insisti nem forcei a barra, tudo passou como um comentário semi-banal.
após a prática, o instrutor me chamou para uma conversa reservada e me disse que eu não
seria mais bem vindo em nenhuma unidade da uni-yôga. disse que eu jamais poderia tê-lo
questionado, muito menos em frente de outros alunos.

toda a conversa que se seguiu aconteceu num clima cordial. pedi desculpas e disse que jamais
teria questionado se soubesse que não deveria fazê-lo, e que ninguém nunca havia me
alertado sobre isso. o intrutor me disse que eu havia questionado um panfleto que seguia a
determinação nacional da uni-yôga e portanto eu não poderia mais praticar em qualquer uma
das unidades que seguem esta linha. mais uma vez, pedi desculpas pela gafe e perguntei-lhe
se realmente a tolerância a questionamentos era zero. e ele me disse que sim, que questionar
não era tolerado em nenhuma hipótese. que eu estava lá para ouvir e não questionar. é lógico
que fiquei pasmo, afinal, aquilo se diz uma "escola". então disse ao instrutor que se o
swásthya-yôga não tolera questionamentos, ele não me interessaria. e fui embora da escola
meio que rindo daquela situação toda, muito mais curiosa (espantosa talvez) que
constrangedora.

na sexta de manhã, o instrutor me ligou, dizendo que havia sido duro demais e sinalizando
minha volta à unidade. nessa altura, eu já havia armado o maior quiprocó na lista de yôga. com
questionamentos, a última coisa que se deve propor para um grupo de swásthya-yôga. não o
fiz com menosprezo. mas testei o dogmatismo e concluí que a swásthya-yôga é dogmática pra

1 Apelido pejorativo pelo qual o Prof. De Yoga Hermógenes é chamado no livro “Yoga Mitos e Verdades” do Sr. Rose.

DeRose foi aluno bolsista de Hermógenes, mas nega isto.

2 Apelido pejorativo pelo qual é conhecido o Prof. De Yoga Pedro Kupfer, ex-instrutor da REDE.
caramba.


entre outras verdades incontestáveis, não se pode em nenhuma hipótese questionar o
"mestre". gente, o que que é isso? ora, esses "mestres" são pessoas que tomam praia, peidam
quando comem feijão e talvez tenham votado no collor ou no fhc. são falíveis portanto. se
possuem uma "iluminação" deviam encarar a dúvida como parte do processo de se chegar a
ela. estou falando bobagem? a analogia para mim é fácil: cristãos não questionam a palavra de
cristo... isto é dogmatismo, uma coisa que simplesmente não combina com minha natureza.
pode questionar, se quiser.

fim da história

escrevi ao caco de paula, jornalista responsável pela matéria da superinteressante, informando
sobre o panfleto e perguntando se ele ou qualquer integrante de sua equipe seguia "sai baba"
ou qualquer linha de yoga. a resposta:

"Não sou seguidor de ninguém.

Se puder me enviar uma cópia desse panfleto eu agradeço."
então:

1.o panfleto distribuído pela uni-yôga é difamatório e calunioso.

2.portanto, a "universidade" de yôga mente.

3.portanto, "mestre derose" mente.

4.a matéria da superinteressante não cita "sai baba" ou "coronel" ou "escorpião", o que faz do
panfleto distribuído pela uni-yôga um panfleto rancoroso, desrespeitoso ao trabalho de outras
pessoas que também dedicam a vida ao yoga. o panfleto reflete uma atitude de guerra, de
desprezo, de rancor e de mágoa, pouco condizente com o yoga. a uni-yôga mente e difama um
jornalista por ele ter feito uma opção ao realizar sua reportagem. o jornalista não mentiu, não
difamou. ele optou.

é isso aí. estou a procura de outro mestre.


c) Segue abaixo matéria publicada na Revista Veja de 13.09.2000:

Se alguém disser a você que "não é ioga, é yôga, com o o fechado", pode apostar: eis aí um
discípulo do Mestre (título autoconcedido) De Rose.

Carioca de voz macia, carisma incontestável e 56 anos de muita, mas muita lábia, Luiz Sérgio
Alvarez De Rose é dono da mais bem-sucedida rede de academias de ioga do Brasil – 197
unidades a estampar em luminosos cor de laranja o nome De Rose, 8.000 alunos que pagam
250 reais de mensalidade.

Não se tem notícia de que o guru levite ou se desmaterialize. Sua, por assim dizer, união com
o Absoluto (não era esse o objetivo da milenar disciplina hinduísta?) se dá por intermédio do
marketing. Exemplo: para diferenciar-se da concorrência, ele lançou a idéia de que ioga e yôga
não são a mesma coisa.

Na verdade, é como dizer que futebol e football são dois esportes distintos. Ioga é
simplesmente a forma aportuguesada de yôga, a pronúncia do termo original, em sânscrito.
Pois é, uma bobagem, mas que deu certo. No mínimo, emprestou ao negócio uma aura extra
de mistério. E mistério sempre há de pintar por aí, ainda que o incenso seja barato e os
mantras, desafinados.

Há de se reconhecer, no entanto, que o yôga de De Rose tem mesmo um circunflexo que faz
toda a diferença: o sexo tântrico, um elemento meio desprezado entre os praticantes da ioga
sem acento. O guru carioca é autor do livro O Hiperorgasmo, em que receita exercícios de
como retardar ao máximo o êxtase e, assim, extrair o máximo de prazer de uma relação (a
dois, a três, a quatro etc.). De Rose afirma que sexo bom é aquele que demora em média três
horas para chegar ao clímax.

Sim, você leu certo: três horas ou duas partidas inteiras de futebol. "Vou catapultá-lo aos
píncaros do prazer", promete.

Ele, como bom mestre, não fica só na teoria. Quem quiser pode ter aula prática. De tempos em
tempos, os alunos das 197 academias são convidados a... Bem, você sabe. Faz-se uma lista,
da qual o guru seleciona alguns nomes. Dos 500 que, em média, dizem "sim", apenas vinte
serão convidados a partir para o tantrismo explícito. E sob a batuta do mestre. Não, não vale
tuuuudo. O uso da camisinha é obrigatório e intercursos homossexuais são proibidos.

"O hiperorgasmo é o máximo: quando estamos chegando lá, seguramos. Tem uma hora que
não dá mais e aí a sensação é maravilhosa, indescritível", conta uma aluna de 29 anos. O
parceiro de algumas de suas discípulas, adivinhe só, é o próprio mestre. Mestre, não, mestrão.
Mestraço. De Rose não nega nem confirma. "Não posso quebrar uma tradição milenar e expor
esses segredos", diz.

Humm, sei... Não é à toa que o guru – guru, não, guruzão. Guruzaço – está no décimo primeiro
casamento. Em todos, uniu-se a ex-alunas. Com três delas, teve três filhos. O mais velho tem
33 anos e o caçula, 11. De Rose prega que os praticantes de yôga só devem fazer sexo e
casar-se entre si. "Comungar com pessoas que se encontram em nível menos evoluído retarda
o seu progresso e anula muito do seu esforço", preconiza.

Nascido na Tijuca (ou seria Tyjôca?), bairro da Zona Norte do Rio de Janeiro, filho de um
contador e de uma professora de música, De Rose não tem curso superior. Seu pai queria que
ele seguisse a carreira militar, mas desde cedo ele diz ter sido cooptado para as hostes
hinduístas. Aos 15 anos, conta que foi parar numa sociedade secreta de estudos orientais. Um
belo dia, uma integrante dessa confraria o convidou a ir à sua casa. Emocionado, o jovem De
Rose imaginou que seria submetido a um ritual de iniciação.

Ao bater na porta da senhora em questão, no dia e hora marcados, qual não foi sua surpresa
ao cruzar com pessoas vestidas de faquires e marajás. Era apenas uma festa a fantasia. Para
compensar a falta de turbante, De Rose viu-se convocado a fazer uma exibição de yôga. "Todo
mundo adorou e foi assim que comecei a dar aulas", afirma. Parece até história da carochinha.
Carochinha, não, carôchinha.

Em 1969, aos 25 anos, ele fundou a primeira academia. Começava ali, em uma casa da
Avenida Nossa Senhora de Copacabana, o império De Rose. Hoje, das 197 academias, 195
são franqueadas. Pela marca cada franqueado paga 9.000 reais e 10% dos rendimentos
mensais. De Rose já publicou doze livros, que lhe auferem um bom tutu tântrico.
Ele também vende incensos, fitas de vídeo, roupas de ginástica e até pacotes turísticos para a
Índia. De Rose diz que todo o dinheiro vai para a Uni-Yôga, uma entidade sem fins lucrativos,
criada e comandada pelo próprio. "Sou rico em saúde, paz, tranqüilidade, amor, carinho",
declara, sem pejo. Então, tá. A que horas termina o baile a fantasia?

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